A história de nós dois

Nos meus sonhos e de melodia em melodia procurei por você.  A insônia que me atormentava não me tirava só o sono, mas a oportunidade de te encontrar,  graciosamente os meus sonhos me deixavam aquela vontade doce do querer mais e eu esperava o adormecer para saber mais de ti.

Mas um dia, meu coração parou. Por um instante duvidei. Estaria eu dormindo?  Mas lá estava você direto dos meus sonhos para a vida real.

Foi instantâneo e forte apesar de passageiro. Bloquei. E voltei a dormir.

O tempo passou e entre realidade e sonhos, acordada ou dormindo na fantasia eu construía um mundo só meu. E você estava nele.

Um dia o que era sonho virou realidade e soube no primeiro beijo que me perderia entre seus lábios e nos seus braços descobriria o amor.

Soube que a vida real, como nos meus sonhos, também existe a vontade doce do querer mais e desde o primeiro dia até o ultimo morria um pouco quando você tinha que ir. Mas o retorno deveria chamar elixir da vida, eu renascia das cinzas ao te ver.  Pena que bobamente, eu disfarça para você não perceber.

Pensei em dizer quisera nunca ter te beijado porque nos seus braços eu me perdi de mim. Mas não posso, simplesmente não consigo. Tê-lo beijado e ter estado nos seus braços foi pra mim a forma que Deus encontrou pra me mostrar o que é o amor. Foi à forma que encontrou para amolecer um coração frio, sem vida, sem esperança e que vivia sem rumo, sem razão.

Construir uma vida juntos. Sonhar os mesmos sonhos.

Dividir as decisões, viver infinitos problemas, cuidar um do outro. Administrar o lado ruim foi muito difícil.

Uma vez enquanto ainda só vivia de sonho, ouvi a frase: “Nem sempre casais que estão juntos e  aparentemente  felizes estão bem, pode ser só aparência”.

Quando penso nessa frase, penso que todo casal aos trancos e barrancos constrói de forma certa ou não, tijolo por tijolo uma história. Penso no casal já idoso que ainda estão construindo a sua história mesmo após 50 anos de casados e continuam a andar de mãos dadas, na dor ou no amor, mesmo que esse amor se transforme ao longo dos anos e tenham suas alegrias e tristezas. Lembro-me de ouvir: “Pois quando vocês se olharam a primeira vez, souberam ali, que era para sempre”.

Foi com essa linda frase que adormeci depois do nosso primeiro beijo. Soube que o que ouvira anos atrás podia sim, se tornar realidade.

As contas pra pagar, qual filme vamos assistir, o vocabulário só nosso, as brigas por infindáveis banalidades... Isso tudo corrói, mas também constrói uma história.

E o que dizer dos defeitos?
Amar REALMENTE alguém pra mim é amar com defeitos, manias, religião e time de futebol diferente do seu. Perfeição não existe, e se existir um casal perfeito que, por favor, me escreva, quero conhecê-los. Até hoje não soube de nenhum. Não que você ame os defeitos, evidente que não, o importante é saber administrá-los. Quem já não sentiu falta até do ronco do amor que se foi atire a primeira pedra. Eu sou uma.

Quando um amor REAL acaba, você sente falta até das irritantes manias de quem se foi, e dói. E você questiona a sua sanidade, mas eu te adianto: desista! Faz parte do processo.

Não quero outro alguém pra dividir o que de sonho já se transformou em realidade. Não quero dividir a pizza com outra pessoa, meus dramas ou conquistas, nem ter que contar para alguém quais problemas de saúde eu tive, nem como se faz o macarrão maluco (longa história). Não quero ninguém que não conheça cada pinta, nova ou antiga do meu corpo.

Aprendi que não existe colocar a culpa no outro. Cada um, no fundo carrega a sua. E esse fardo já é pesado e suficiente para saber onde se errou e aprender com isso.  Mas precisa muita dignidade para reconhecer e assumir onde errou e o mais difícil ainda, aprender  com essas bofetadas que a vida te dá. O meu não há balança que afira, nem o peso do meu fardo nem o tamanho da minha dor.

Se eu pudesse fazer o tempo voltar. Sei que cometeria erros. Exceto um!

Se eu pudesse voltar no tempo, eu o faria parar no instante dos seus beijos e repousaria nos seus braços e ali em silêncio eu te diria baixinho em seu ouvido, que nunca mais te deixaria ir.

Eu pegaria na sua mão, corrigiria os meus erros, apagaria o que não foi bom,  te mostraria o porquê  vale a pena e, ao seu lado continuaria o caminho da história de nós dois, talvez mudemos  a estrada, mas o destino seria o mesmo, ser felizes juntos e até o fim, na alegria ou na tristeza, nós dois, eu e você, juntos. Porque juntos somos mais fortes!